Transporte público de Québec

A minha vida quase toda morei em Fortaleza e eu odiava com todas as minhas forças ter que pegar ônibus. A minha maior alegria foi quando consegui comprar meu carrinho em 2010. De fato, essa é uma das conquistas de vida de todo brasileiro - a outra é comprar a casa própria. Era um carro "popular" (entre aspas porque eu acho que as pessoas chamam esse tipo carro no Brasil de popular só pra serem irônicas, porque 25K num carro básico, não tem nada de povão nisso), mas dava pro gasto. Melhor que ter que esperar eternamente pelo ônibus que quando aparece é lotado.

Depois que fui pra Sorocaba, descobri o gostinho que se tem de morar próximo do trabalho. Apesar de não ter me mudado muito, essa foi a melhor cidade em que vivi no Brasil. Se o desenvolvimento de software fosse mais forte lá e eu não tivesse vindo pra cá, Sorocaba estaria no topo da minha lista de onde me estabelecer pra sempre. Lá o trânsito é tranquilo, diferente de Fortaleza e São Paulo, que não preciso nem comentar.

Infelizmente todas as cidades tinham o mesmo problema: transporte público ineficiente. Em Fortaleza temos muitos ônibus, mas não conseguem ser pontuais. Em SP nem se fala. Em Sorocaba até conseguem ser pontuais, mas a cobertura das linhas é triste, além de ser um serviço caríssimo (R$ 3,15 na data desta postagem). Uma vez eu e a Kel ficamos esperando 2 horas por um ônibus no terminal porque era um carro só que fazia 2 linhas. Quando a gente chegou, ele tinha acabado de sair e tivemos que esperar ele completar a linha, voltar pro terminal, fazer a outra linha e voltar de novo.

Québec é uma cidade do tamanho de Sorocaba [citation needed], mas muito bem servida de ônibus. Dificilmente você fica em pé no ônibus: são tão frequentes que é muito raro estarem lotados. Aqui, se você pagar em dinheiro, também sai caro, mas ninguém em sã consciência faz isso, pois é possível comprar cartões que te dão acesso ao sistema de forma ilimitada. Não é como se você carregasse os créditos e fosse usando. É simplesmente ilimitado mesmo, você só paga uma vez por mês. Dá pra comprar cartões que têm validade de uma semana também e valem muito a pena, pois o passe semanal custa por volta de 27 dólares e a passagem unitária custa 3$ (e você tem que levar o dinheiro contado, o motorista não fica passando troco).

A cidade não só é bem servida, como os ônibus são super pontuais. Depois de 1 semana aqui, você começa a ficar impaciente quando o ônibus atrasa 3 minutos. Aqui não temos metrô como em Montréal, mas temos as linhas do Métrobus que passam de 5 em 5 minutos ou de 10 em 10 minutos, dependendo do horário.

Agora uma dica pra não pagar mico na parada de ônibus:

NÃO LEVANTE O BRAÇO PRA DAR SINAL PRO ÔNIBUS PARAR!

O motorista já está vendo que você está na parada e esse fato é suficiente pra ele parar e abrir a porta pra você. Por outro lado, você pode ser gentil e fazer não com a cabeça quando o ônibus não for o que você está esperando, pra evitar do(a) motorista perder tempo.

Eu não sei porque nenhum blog de imigração fala disso, pois é uma coisa tão básica! Espero não estar acabando com alguma brincadeira secreta dos imigrantes que querem que todo novato passe vergonha na parada.

Outra dica que ninguém dá também:

QUANDO VOCÊ DER O SINAL PRA DESEMBARCAR, NÃO FIQUE FEITO IDIOTA ESPERANDO A PORTA ABRIR SOZINHA, ELA SÓ ABRE SE VOCÊ ENCOSTAR A MÃO (TEM UM SENSOR DE PRESENÇA).

Eu e a Kel aprendemos isso na marra. Perdemos o ponto umas 3 vezes até entender que tinha que encostar a mão na porta pra ela se abrir. Quando o ônibus parar, uma luz verde em cima da porta vai ligar e é só você encostar a mão na porta entre as duas barras ou segurar nas barras e dar um leve empurrão.

Pra quem anda de carro também há outras coisas diferentes com o que se acostumar. O semáforo, por exemplo, tem mais estados do que só verde/amarelo/vermelho, mas esse assunto vou deixar pra outra postagem.